Tudo é relativo, ou não?

Uma das manifestações do irracional se dá, de forma refinada, pelo RELATIVISMO. No recorte cultural, o relativismo condiciona todas as verdades e todas as normas pela cultura. Já  os desdobramentos históricos dão conta de situar no tempo todas elas. Apesar de um tanto complicado, equivale dizer, que normas e valores, no que podemos chamar de relativismo, são vistas de acordo com o contexto cultural. Um exemplo dentro da dimensão religiosa: até poucos anos atrás uma mulher que usasse calças e maquiagem não estava dentro dos padrões considerados “bíblicos”. Então, foi a bíblia que mudou ou a interpretação? É óbvio que o relativismo não é algo tão simples como a ilustração acima, porém se pensarmos nas inúmeras modificações de nosso jeito de ser e fazer igreja nos últimos anos perceberemos a quebra de paradigmas. O relativismo em curso, do qual faço questão de destacar seu papel no pós-modernismo, diz respeito a produção de verdades contextuais. Percebemos casos, em que cristãos já não tem a Bíblia como conjunto de valores morais e éticos, tudo é relativizado pela experiência ou revelação.

Isso (direcionamentos, ordenanças) era lá nos tempos antigos, hoje não faz mais sentido” . Declarações como estas são mecanismos do inconsciente que regulamentam nossas pulsões éticas. E é nesse momento, que a interpretação irracional dá vazão ao fundamentalismo cristão ou a consideração de verdades pessoais, por isso, relativas. É o deixar-se guiar pela intuição (alguns insistem em santificar, dizendo ser revelação do Espírito) e traçar comparações interculturais.  Segundo Augustus Nicodemos, em “Ateísmo cristão e outras ameaças a igreja”, é como se a cada geração, Deus revelasse a bíblia e as grandes verdades do cristianismo de uma maneira totalmente diferente. Diante disto, que respostas damos como cristãos?

Muitos consideram a verdade absoluta como Deus, mas a percebem de maneira relativa. É como se a Verdade estivesse sujeita ao meu conhecimento dela (o tal do conhecereis a verdade…) transformando a percepção teológica individual acerca das coisas. E as possibilidades do certo e do errado? E o que é verdadeiro e falso?

Despidos de pressupostos e preconceitos, será que somos capazes de, em função de nossa miserabilidade, perceber a Verdade do mesmo modo que outras pessoas a perceberam em outros tempos e lugares?

Somos relativistas?