Teeteto é um diálogo entre Sócrates e o jovem Teeteto. É a transcrição lida por Euclides à Terpsion baseado na conversa que tiveram quando Teeteto ainda era jovem. Em grande medida o objetivo central da obra é discutir a respeito da natureza do conhecimento e a possibilidade de se atingir tal fim por meio da razão, além de promover a descoberta do pensar, mais especificamente, como pensar o pensar.No diálogo travado por eles, fica evidente que o rumo dado por Sócrates pretende provocar o jovem a ir além das limitadas definições dadas por ele mesmo, pensar além do concreto. Fica mais claro, na definição inicial dada pelo filósofo: “Logo, não compreenderá a arte do sapateiro nem qualquer outra arte, quem não souber o que seja conhecimento“ que a busca pelo saber inicia-se quando superados os pré conceitos definidos ao longo da vida.
Há também por todo o texto, pontualmente, o conceito de relativismo, tão em moda atualmente. Ao definir que aparência e sensação se equivalem com relação ao calor e às coisas do mesmo gênero; tal como cada um as sente, é como elas talvez sejam para essa pessoa. Sócrates inicia a discussão sobre a construção do conhecimento a partir das percepções, apesar de considerar posteriormente que não pode ser a verdade percepção nem opinião verdadeira, nem uma explicação acompanhada de opinião verdadeira o relativismo, isto é, do meu ponto de vista eu compreendo o mundo.Percebe-se também a presença do que os teóricos mais tarde denominariam método da maiêutica, a descoberta, a busca pelo esclarecimento, pelo conhecimento. Segundo ele, enquanto o indivíduo não se voltasse para si próprio e reconhecesse suas limitações no “Conhece- te a ti mesmo”, era seu lema, o esclarecimento não se materializa. E isso se demonstra em Teeteto no momento em que diz ao jovem: “Ao ouvirmos os sábios, a rigor nunca deveríamos empregar expressões como: Alguma coisa, ou Pertence a alguém ou a mim, nem Isto, nem Aquilo, nem qualquer outra designação que fixe determinada coisa”. Sendo assim, o método maiêutico é utilizado não dando respostas prontas, mas se utilizando das afirmações de Teeteto para que ele mesmo possa enxergar onde errou e perceba o conhecimento de forma abrangente e não limitada.
Traçando um paralelo com a disciplina Educação em Espaços não escolares, o método aplicado por Sócrates, infelizmente, é pouco ou em nenhuma medida aplicado pelos instrutores, professores, ou seja profissionais da área da educação. O fato mais evidente é a correção imediata à maneira como crianças e jovens adultos expressam suas idéias e conceitos. Ao apresentá-las, geralmente, ouvem de seus mestres que não tem sentido o que dizem, ou o mais estarrecedor, que não pensam da maneira adequada. Como se fosse possível uma única maneira de pensar. O entendimento do conhecimento como algo inerente ao ser humano e não concentrado em algo ou alguém traz luz à obscura maneira de pensar de muitos professores, que nessa perspectiva, nem poderiam estar nesta função, visto que não disseminam o conhecimento, pelo contrário, barra-o. Sócrates era considerado um parteiro das idéias, porque os libertava para o pensamento, para a filosofia. Por que não temos esse método, esse conceito, permeando nossas salas de aula, nossa reuniões de planejamento? Porque insistimos em acreditar que nós detemos todo o conhecimento?
Embora, muitos considerem que o método de Sócrates só possa ser aplicado em estudos de matemática, conhecido como “Prova por Absurdo”, é possível estendermos a metodologia para os mais simples trabalhos e tarefas no que diz respeito ao entendimento do que é educação e qual o papel do professor nela. Há ainda uma velha compreensão de que uma parte de conhecimento é suficiente para o juízo do todo. Porém, temos em Teeteto um vislumbre do que não é o conhecimento. Nas palavras de Sócrates quem adquire o conhecimento de algo em parte fecha os olhos e deixa de absorver o todo e, assim sendo, ao lembrar-se alguém de alguma coisa de que já teve conhecimento, não a conhece por não a ter diante dos olhos, o que dissemos ser positivamente monstruoso.
É muito provável que uma simples leitura de Teeteto não fará diferença para quem não estiver disposto a reconsiderar seus absolutos posicionamentos diante do conhecimento, diante da educação, da vida, de um mundo de sentido e significados. Apenas a leitura de um texto como esse não reverberará a verdade, o esclarecimento, como um diálogo realizado entre aluno e educador. Não aquele diálogo pontuado por um maniqueísmo displicente. Muito pelo contrário, se conseguirmos superar a distância que nos afasta do outro, por meio do diálogo, da troca de idéias, do conhecimento, talvez seja possível o que tanto se fala no meio acadêmico a respeito da revolução pedagógica que nosso país tanto necessita.
Ao término da leitura de Teeteto fica a sensação, utilizando um termo recorrente do texto, de que nada sabemos. Porém, os ecos de pressa em correr atrás do conhecimento e da verdade contida, não em coisas, mas no outro, no diálogo, na interação com o outro, proporciona um olhar para um horizonte em que abandonaremos nossa velha forma de pensar o todo e passamos a mergulhar na profunda riqueza da sabedoria contida, como diria Sócrates, dentro de nós mesmos, dos nossos alunos, dos nossos mestres.
jun 27, 2011 @ 17:16:11
Esse text é meio cansativo. Nota 4/10
jul 05, 2012 @ 20:55:06
verdade, eu preciso fazer um trabalho sobre isto e mal cheguei no 2° paragrafo, mas mesmo assim tá valendo, já é uma ajuda…
jun 28, 2011 @ 17:31:37
Cê jura???? kkkkkkk
Não sabia que estavam sendo avaliados, agora compreendendo isto, vou melhorar, prometo! NOT!
out 05, 2011 @ 20:17:41
Gostei! Parabéns!!!
nota 9.0 (existem alguns errinhos de acentuação, mas está bem completo!)
nov 05, 2013 @ 15:15:33
Ameii nota 10! ❤
set 28, 2015 @ 20:34:38
Muito interessante mesmo ,me leva pensar bem que “só sei que nada sei”!!
jan 05, 2017 @ 16:44:09
Muito bom.
nov 26, 2017 @ 18:06:26
otimo