Lembro-me de alguns atrás quando um jovem adulto me procurou para conversar. Carregava uma culpa violenta evidenciada apenas no seu modo de falar. Depois de rodeios que duraram cerca de 20 minutos, ele chegou ao centro e motivo de sua preocupação: uma traição.
Casado a pouco mais de três anos, o jovem vinha de um relacionamento maduro que cumpriu todos os requisitos saudáveis até ali (namoro, noivado e por fim o matrimônio), porém em algum momento, logo nas primeiras semanas, seu interesse pela mulher caiu vertiginosamente, e aparentemente nem ele encontrava motivos para explicar isto e nem sua mulher percebeu qualquer indício que alguma coisa não ia bem. Segundo ele, o relacionamento sexual e sentimental continuava como nos tempos do namoro, ou seja, eram muito apaixonados.
Um mês depois ele estava entrando virtualmente em salas de bate-papo com conteúdo erótico e consumindo-se em masturbação pensando em todas as imagens que ficavam guardadas em sua mente como se fossem arquivos em um HD. Não foi muito difícil se encontrar com uma garota de programa e consumir seu pecado, assim, sem muitos motivos aparentes.
Sua vida de casado continuava normal e a vista de todos não apresentava qualquer sintoma de que algo não ia bem. Inclusive eu, quando ouvia o relato, custava a acreditar que aquilo estava de fato se revelando a mim. O mais doloroso foi perceber que em sua confissão não havia sinais claros de arrependimento. Ele sabia que, moralmente, havia feito algo ruim, entretanto o motivo que o levava a compartilhar comigo era exatamente esse, ao me relatar parecia que tinha se livrado de um peso. E tinha mesmo.
Por fim, depois de algumas considerações da minha parte, ele despediu-se e já entrando no seu carro confidenciou, em voz baixa, que continuava a se encontrar com Cris, uma jovem de 18 anos, a tal garota de programa e que
…………………………………………………………………………………………………………………….
Certamente ao ler o relato acima, você deve ter julgado de alguma forma este jovem, certo?! Pois bem, e se eu dissesse que ele poderia ser você ou ainda, ELE é você?!
Quantos de nós já não traímos o nosso Deus descaradamente?! O que nos separa talvez sejam os estágios aos quais ainda não adentramos. Inicialmente, flertamos com outras fontes de prazer que não são, em princípio, nosso objeto de adoração. Esses prazeres podem estar em formas diversas de vícios, inclusive como o descrito acima.
Em seguida, quando percebemos estamos dividindo a mesma cama com outros deuses e comendo tudo aquilo que eles nos oferecem. Em outro momento, procuramos alguém para dividir nossas culpas, não por nos sentirmos culpados, mas apenas porque conversar com alguém parece aliviar nossos pecados e nos liberar para cometê-los ainda mais.
A maior loucura talvez seja pensar que podemos fazer tudo isso impunemente. Simplesmente achar que Deus não percebe o que estamos fazendo é ridículo. Aparentemente tudo continua normal: para os outros, para a comunidade cristã, para nossa família e até mesmo para aquela imagem que vimos no espelho pela manhã.